domingo, 29 de janeiro de 2012

S.O.P.A. de censura

2012 não começou muito legal pra quem usa muito a internet. Não, não tô falando das piadinhas sem graça sobre a Luiza que voltou do Canadá não terem sido abolidas. Falo de algo mais sério, algo relevante e preocupante para os habitantes dessa nave louca que é a rede mundial de computadores.


Já falei sobre o assunto logo no início do blog, nesse post, mas mal sabia o quanto eu era feliz. A APCM recolheu-se à sua insignificância e não deu mais as caras. Só que hoje, as coisas estão ficando um pouco mais complexas. Creio que todos estejam por dentro das leis que tramita(ra)m pelo governo norte-americano, o SOPA e o PIPA, que perderam toda a seriedade (se é que existia alguma) diante da nossa adorada língua portuguesa. Caso não saibam, vou fazer um breve resumo:

- O SOPA é o Stop Online Piracy Act, uma proposta indecente de um senhor de seus sessenta e poucos anos que nunca deve ter usado a internet na vida. Ou melhor, usou sim, e provou de sua hipocrisia ao violar direitos autorais em seu site. Enfim, o projeto visava mandar pro xilindró quem ousasse compartilhar quaisquer arquivos com direitos autorais, assim como os sites que os disponibilizarem - incluindo o Google e o Facebook.

- O PIPA é o Protect IP Act, e é mais ou menos a mesma coisa que o SOPA, mas é mais específico para arquivos digitais.

Até aqui tudo certo, porque as empresas arcaicas apoiaram, as modernas e conscientes protestaram e os projetos foram deixados de lado. Festa, bolo e guaraná? Não. "Coincidentemente", o FBI tirou do ar o Megaupload, um dos grandes sites de download do mundo, senão o maior. Cadeia pro dono, tudo culpa dele. Mas tudo bem, ainda existiam o Fileserve, o Filesonic, o Filejungle, o... existiam. Pouco a pouco, os sites de download estão sumindo, e sobram alguns que ninguém sabe o quanto vão sobreviver.

Enquanto isso, está sendo armado um atentado à liberdade na internet, o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement). É uma versão ainda mais retrógrada que os outros dois projetos, com a grande diferença de ser um tratado, como já diz o próprio nome. A intenção é que ele vigore em todo o mundo. O Brasil, porém, alega que não vai assinar o pacto com o demônio, e assim esperamos. No Link, do Estadão, tem informações mais completas sobre o livro de visitas do inferno.

Ou seja: a farra acabou. Os sites de download estão sumindo. Precisamos que as empresas que são a favor de toda essa patifaria - a Disney, o UFC, a Viacom (Paramount, MTV, Nickelodeon), a NBA, a Time Warner (Cartoon Network, Warner Bros., CNN, HBO), entre outras - reconheçam que nós estamos em 2012. Não, não quero dizer que o mundo vai acabar. Bom, talvez acabe, mas quero dizer que nós estamos em outros tempos. Chegou o momento de cair na real: a internet tem que ser o centro das atenções. Se querem ganhar dinheiro, façam por onde. Falam como se não lucrassem nada, querem limitar a cultura do mundo, e não se movimentam um palmo à frente do nariz. Saiam de 1930 e sejam felizes.

Bom, do lado contemporâneo estão o Facebook, o Yahoo!, o Google, a Wikipedia, o Twitter, o Flickr e o Firefox, por exemplo. Espero que o apoio dessas empresas seja decisivo para acabar com o falho combate à pirataria que estamos presenciando. E, pela primeira vez, vejo o Anonymous como um movimento útil, já que trataram de derrubar sites oficiais do governo americano e de apoiadores do SOPA logo após o fechamento do Megaupload, e prometem outras ações de agora em diante. Uma delas é a criação do Anonyupload, um novo servidor de downloads hospedado na Rússia.


O alívio, por enquanto, é saber que as pessoas em geral não são a favor disso. E poucos estão aceitando passivamente a esses dejetos por escrito. O "desafio" das autoridades teve uma resposta da sociedade: a guerra está só começando.