sábado, 24 de julho de 2010

Anos Incríveis... com admiração


Se eu disser que "Anos Incríveis" é um seriado sobre a família, os amigos e as coisas simples da vida, provavelmente ninguém vai se interessar. Afinal, parece um tema tão vago. Mas é impressionante como simplesmente fizeram, a partir dele, um seriado incrível.

Dois pontos interessantes dão um toque especial à série: primeiro, temos um fundo histórico. Toda a trama acontece no período de 1968 a 1973 (e foi ao ar de 1988 a 1993), quase sempre com uma referência principal no começo de cada episódio. Depois, a trilha sonora, que começa pelo marcante tema de abertura, "With a little help from my friends", música dos Beatles, interpretada aqui pelo britânico Joe Cocker. Durante os episódios, temos músicas dos próprios Beatles, de Jimi Hendrix, Bob Dylan, The Who, The Temptations, Nat King Cole, e muitos outros. Vale a pena conferir.

"Anos Incríveis" é narrada do início ao fim pela voz de Daniel Stern, interpretando o protagonista, Kevin Arnold, anos mais velho. Essa ideia dos produtores fez com que a história precisasse da presença do personagem em praticamente todas as cenas, traduzindo as lembranças e os pensamentos dele mesmo como adulto. E acertaram em cheio com a escolha do ator Fred Savage. Ele soube, com sua pouca idade, transmitir o amor de Kevin por sua família, por seu melhor amigo, Paul Pfeiffer, e sua paixão por Winnie Cooper, sua vizinha.

Os pais de Kevin, Norma e Jack Arnold, mostram constantemente como era o papel geralmente desempenhado pelo pai e pela mãe da família, na época. Norma é a típica dona-de-casa: cozinha, limpa a casa, cuida dos filhos e faz compras. Jack trabalha o dia inteiro e, ao chegar em casa, diz a Norma que o trabalho foi nojento. É extremamente rabugento, mas no fundo, quer apenas o bem de seus três filhos.

A irmã mais velha de Kevin, Karen, foi influenciada pelos hippies, entrando frequentemente em atrito com seu pai pela divergência de opiniões. Já Wayne é o irmão pentelho. Está sempre irritando Kevin, mas é responsável por vários momentos cômicos e emocionantes da série.

Desde o início, Kevin está sempre acompanhado de seu melhor amigo, Paul Pfeiffer. Paul usa um óculos enorme, é nerd e certinho. Mas é extremamente leal a sua amizade, além de ser um personagem engraçado.

Winnie Cooper não é exatamente o que podemos chamar de amiga de Kevin. Porque o que ele sente por ela nunca foi, exatamente, amizade, e isso fica claro desde o episódio piloto. Winnie é uma menina doce e bonita, mas com quem Kevin tem dificuldade de lidar, e uma facilidade enorme para criar problemas. Sempre fazendo de tudo para tê-la ao seu lado.


Pra quem já viu Friends (alguém não viu?), David Schwimmer, o eterno Ross, aparece como Michael, o namorado desleixado de Karen. E Giovanni Ribisi, antes de viver o irmão mais novo de Phoebe, Frank Buffay Jr., foi Jeff Billings, um dos amigos de Kevin no segundo grau.

Ao longo de 115 episódios, cada um com duração de 20 a 25 minutos, acompanhamos boa parte da infância e da adolescência de Kevin Arnold, e da vida de pessoas à sua volta. Se você é uma pessoa sensível, sinto muito (ou não) em informar que a probabilidade de você derramar algumas lágrimas é grande.

Enquanto eu avançava na série, eu pensava: "Por que nunca tinha ouvido falar nisso? Por que todo mundo que eu conheço nunca assistiu?" Parece que "Anos Incríveis" não recebeu o prestígio que merece aqui no Brasil, sendo televisionada apenas pela Cultura, pela Band e pelo Multishow, séculos atrás.

Assista, sério. Recomendo, não perca essa oportunidade. Agradeço por ter saído de uma aula de História, no ano passado, na qual o professor passou dois episódios de Anos Incríveis, e ter ido direto pro computador pra ler algo sobre a série. Decidi assistir, e não me arrependi. Espero que vocês se apaixonem também.

De brinde, ao som de "With a little help from my friends", a abertura:


Se alguém quiser assistir, indico uma ferramenta muito simples: a comunidade de "Anos Incríveis" no Orkut. Postaram todos os episódios, trilha sonora, dêem uma olhada.
A série não saiu em DVD, por problemas de direitos autorais da trilha sonora. Poxa, né. Vou perguntar na APCM o que eu deveria fazer pra assistir a série legalmente, sem baixar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dizem que somos piratas. Somos?

Você já baixou, uma vez que fosse, alguma música, algum filme, algum episódio de seriado? Se sim, você pode ser preso. Falando sério, de acordo com a legislação brasileira, se já fez isso, você pode passar umas primaveras no xilindró.

Falo isso porque li uma notícia muito interessante, dizendo que um casal que mantinha um site muito grande de downloads foi preso em flagrante. Ok, eles lucravam com o site. Aí eu concordo com a lei, acho errado obter lucro explorando um conteúdo. Veja bem, obter lucro. A lei não é essa. Segundo ela, isso não faz diferença. Mas é óbvio que faz, e muita.

Hoje, tudo se resume a dinheiro. Esse é o primeiro e grande problema. Não condeno o fulano ou o zezinho, que cantam maravilhosamente bem, e querem vender a música deles. Condeno o ponto a que eles chegaram de terem que bater o pé pra ganhar dinheiro com aquilo. Quem tem talento não reclama, apenas vende. Quem é fã, quem admira um trabalho, guarda dinheiro e compra o produto. Os artistas ainda estão longe de vender pouco.

A APCM foi criada em 2007, e realiza um combate eficiente quanto à pirataria. Mas o que é pirataria? É um produto copiado de forma ilegal, geralmente um CD, com filme ou músicas, que é vendido por aí. Eles ampliaram os conceitos, abriram novos horizontes, invadiram a sua casa. Fiquei assustado com a dimensão que eles dão para um arquivo idiota que você baixa. É ridículo. O Senado ainda faz questão de comprar a briga da APCM, e inventa leis para complicar essas coisas. Tudo o que mais importa no país fica em segundo plano. Educação, saúde, segurança? Quem quer saber disso? Vamos ver quem está baixando o Rebolation em casa e mandar pra cadeia!

APCM ensina no site dela como identificar um CD pirata. Aposto que você não saberia!
PS: Baixei essa imagem do site da APCM. Serei preso?

Se eles realmente querem que a população se conscientize disso, não é mais fácil começar a se preocupar com os preços desses produtos? É um absurdo, não é qualquer um que pode pagar trinta reais num CD. E se um compra, ele pode compartilhar. Volto a dizer, quem aprecia o artista pode até baixar, mas vai adquirir o CD. E acredito que é por isso que ele merece receber. Afinal, é fácil, depois de emplacar um sucesso, meter mais dez músicas desconhecidas num CD e querer vender pra quem só quer ouvir uma.

Quanto aos filmes, penso parecido. É muito caro pagar quarenta reais num DVD que você vai assistir poucas vezes, talvez apenas uma. É ingenuidade da APCM acreditar que todo mundo vai querer cumprir a lei à risca e não baixar. Assim como quem compra CDs, muitos fãs de seriados compram os boxes. Mas muitos outros não têm condições, e a internet é uma alternativa. A "difícil" tarefa da APCM é manter os produtos - que são, sim, vendidos - no mercado, e liberar o acesso aos arquivos compartilhados.

Por fim, quero dizer que eu estou apenas questionando a lei e as atitudes da APCM. Pra mim, existe um ponto - quando são vendidos - em que músicas, filmes, seriados e livros passam a ser públicos. Quem merece ganhar dinheiro, ganha. Os músicos fazem shows, cobram caro por isso e ainda vendem CDs; as produtoras de filmes gastam uma fortuna, mas recebem outra e pagam os atores com outras, com o dinheiro do público que vai aos cinemas, paga caro, e ainda compra DVDs; as emissoras compram os seriados, e os fãs, que nunca são poucos, compram os boxes de DVDs. Não há motivo, portanto, na minha opinião, para a APCM e o governo impedirem o livre acesso a essas mídias. É só isso o que eu não entendo: por que não um pouco mais de bom senso e um pouco menos de amor ao dinheiro?

PS: Agora há pouco, eu descobri que, no Congresso, está em trâmite um projeto de lei para regular a atividade dos blogueiros, que teriam de moderar os comentários e seriam responsáveis pelo conteúdo dos comentários anônimos. Além disso, seria exigido um cadastro no Registro.br, informando nome, RG e CPF. A autoria do projeto é do deputado federal Gerson Peres (PP-PA), que foi atacado por um anônimo num blog. A censura está chegando à internet.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Harry Potter e a diretora da minha escola

Quem me conhece, ou até mesmo quem não me conhece tanto assim, sabe o quanto eu gosto de jogar futebol. Mas nem sempre foi assim. Eu costumava frequentar a biblioteca da escola no intervalo das aulas, em vez de ir jogar com os meus colegas, pelo menos até a terceira ou quarta série. Sempre gostei de ler, afinal. A cada semana, ou menos que isso, era um livro novo. Em geral, eu preferia os de mistério e suspense.

Não vou me lembrar da data exata em que ouvi falar pela primeira vez de Harry Potter, mas foi em 2001. Eu tinha nove anos, e estava ali, na biblioteca, pra variar. A diretora, que às vezes aparecia por ali, entrou, falou qualquer coisa com a bibliotecária, e depois comentou comigo:

- Você já leu o “Rére Porter”? É um best-seller, a garotada tá lendo agora. Meu (insira aqui algum grau de parentesco) leu, e achou o máximo.

- Não. – sempre falei bastante.

- Deveria ler, é uma série de quatro livros, e todo mundo diz que é bom.

Na época, Harry Potter e o Cálice de Fogo era o último livro lançado da série. E era tratado como último dos últimos por quem não tinha lido, ou não sabia que ainda viriam outros pela frente. Eu mesmo, desavisado, demorei para descobrir que a série não terminava ali.

Continuei vasculhando a estante, procurando algum livro mais interessante pra ler, e tive a curiosidade de procurar pelo tal “Rére Porter”, mas não o encontrei.

- Ué, e não tem aqui? – perguntei, um pouco indignado.

- Não. Mas qualquer livraria tem.

Ah, não acredito! Nem suspeitava disso. Enfim, ela fez a pobre recomendação dela e saiu da biblioteca. Mas eu tinha mais o que ler, né. Procurei mais um pouco e peguei algum livro qualquer, com uma capa legal e uma sinopse envolvendo mortes.

Não muito tempo depois disso, eu passeava pela imensidão do shopping de Taubaté, com a minha mãe, quando passamos em frente à livraria e notei uma pilha de exemplares de Harry Potter e a Pedra Filosofal entre os mais vendidos. Aqui eu posso dizer, com certeza, porque eu me lembro muito bem e porque eu acabei de olhar no calendário, que era dia 9 de outubro, uma terça-feira, às vésperas do feriado de dia das Crianças (um beijo pra Nossa Senhora Aparecida). Ainda não tinha pensado em nenhum presente para esvaziar os bolsos dos meus pais, então decidi, antes mesmo de entrar na livraria, que eu aceitaria a sugestão da minha diretora. Eu leria o primeiro livro do “Rére Porter”. Foi o meu presente naquele 12 de outubro. Mas quando eu terminei de lê-lo, pedi os outros três lançados até então. Minha mãe achava legal eu pedir livros pra ler, e nem se incomodou em comprá-los. E isso não foi só com Harry Potter, ainda bem.


A carta que todo mundo já quis receber um dia

Pouco mais de um mês depois, eu já era um pequeno grande viciado na série. E cheguei a contar os dias para a estreia do primeiro filme, que seria no dia 23 de novembro. Mas eu não esperava que o cinema de Taubaté estreasse o filme na data correta, porque, bem... era o cinema de Taubaté. Hoje, eu teria certeza que eles passariam, mas eu era uma criança que esperava pelo pior. Então, naquela bela tarde de sexta-feira, ainda sem saber se o filme estava em cartaz e com poucas esperanças, liguei para o cinema para saber a programação, já que o acesso à internet não era tão fácil como hoje. E eu ouvi o que eu mais queria, aliviado. Guardei o melhor horário, desliguei o telefone e fiquei pulando na cama. Sério, foi indescritível a sensação de saber que, de repente, eu estava a poucas horas de assistir ao primeiro filme de Harry Potter.

Chegando lá, nem tinha tanta gente assim. Harry Potter não era nem perto do que é hoje, não arrastava multidões para os cinemas como arrasta hoje. Também não tive que ouvir ninguém gritando porque o Harry apareceu na tela pela primeira vez. Tenho certeza que se eu for na próxima estreia, como eu sempre gostei de fazer, tanto pra acabar com a ansiedade como pra evitar ler e ouvir coisas sobre o filme antes de assistir, eu vou ouvir esses gritinhos de gente que quer aparecer, ou encontrar aquela galera maneira vestida de Luna, de hipogrifo, de vassoura ou de Hogwarts. Mas isso é outro problema. O que importa é que naquela noite eu senti que o Harry iria dominar o mundo. Ele dominou, e eu me sinto imensamente feliz de ter colaborado com isso.

De qualquer maneira, eu esbarraria nos livros da J.K. Rowling. Mas é à diretora da minha escola que eu devo agradecer por me apresentar o “Rére”. Sim, ela não sabia nada sobre os livros, mas e daí? Ela me recomendou a leitura a tempo de eu me tornar um fã e ter a alegria de conferir a estreia do primeiro filme no cinema. Parece pouco, mas talvez seja magia.

domingo, 11 de julho de 2010

Eh bien, o título

Hercule Poirot, se você não conhece, é o homem no topo da página.
Ou melhor, esse é o David Suchet, que o interpretou na série Poirot.

Hercule Poirot, na verdade, é um personagem brilhante criado pela sensacional escritora britânica Agatha Christie. Ele é um detetive belga que utiliza suas "células cinzentas" para desvendar crimes, descobrindo não só quem, mas também como e o porquê. Diante da falta de criatividade para batizar o blog, decidi usar a expressão "Eh bien", amplamente utilizada por Poirot, e que vocês podem arduamente traduzir para algo como "É, bem..."

Afinal, quando eu decidi fazer esse blog, não escolhi exatamente um tema. Queria me dar a liberdade para falar de qualquer coisa. Eh bien... acredito que esse título seja adequado.